Pedro Hermínio

Seu Hermínio, um português que não tenho memória nem de foto, faleceu quando eu ainda estava no útero, e devido a esse desencontro, quase fui batizado de Pedro Hermínio em sua homenagem. Mas, ao me pegar no colo pela primeira vez, minha mãe achou que eu tinha mais cara de Nycolas (com Y), então não carreguei o nome do meu bisavô. Entretanto, vez ou outra essa persona vem à minha cabeça e penso em como eu seria se fosse ele, como se um nome fosse capaz de mudar toda a minha essência.

Imagino que Pedro seria esportista e teria uma boa dicção, e isso seria o suficiente para torná-lo mais metido do que realmente é (ou do que pareço ser mesmo sem essas características). É provável que sua assinatura fosse mais bonita que a minha e ele vivenciaria o prazer de nunca precisar soletrar seu nome a um desconhecido. Seria menos emotivo, mas mais apegado à família — já que seu nome reforça a história dos Ribeiro no Brasil. Porém, não gostaria que suas tias o chamassem por um apelido no diminutivo da mesma forma que eu gosto.

Pedro Hermínio com certeza seria romântico. Quase poeta! Não utilizaria um pseudônimo para divulgar seus textos apaixonados e encontraria beleza até mesmo nos parágrafos encharcados de amor não correspondido. Jamais iria escrever sobre política ou mercado de trabalho, e quando esgotasse inspiração, iria buscá-la no fundo de um litrão de cerveja. Não. De vinho! Pedro harmonizaria seu amor com vinho. Eu já me contento com cachaça.

Talvez parecesse intelectual em seu discurso e gostos, mas ainda assim seria filho do seu pai e do signo de sagitário. Isso bastaria para tornar Pedro orgulhoso ao mesmo tempo que ingênuo, e aqui é o ponto em que a gente se converge e percebo que tudo isso não passa de uma imaginação quando estou entediado. Talvez um psicólogo diga que Pedro é muito mais “o que eu gostaria de ser” do que “o que eu poderia ser” (o que até pode ser verdade), mas eu me resumiria em dizer que o PH é um cara legal, mesmo quando irritado por eu chamá-lo assim.